As ondas Wi-Fi são perigosas para a nossa saúde

As ondas Wi-Fi são perigosas para a nossa saúde?

Todos os dias, estamos rodeados de sinais Wi-Fi, seja dos nossos routers, smartphones ou objectos ligados. Esta exposição constante levanta uma questão legítima: estas ondas electromagnéticas podem ter um efeito nocivo no nosso organismo? Tendo em conta a preocupação do público e a investigação científica em curso, é necessário analisar a natureza das ondas Wi-Fi, os seus mecanismos de ação e possíveis recomendações para uma utilização mais prudente.

O que são ondas electromagnéticas?

As ondas electromagnéticas são perturbações que se propagam no espaço sob a forma de campos eléctricos e magnéticos que oscilam perpendicularmente entre si. Caracterizam-se pela sua frequência (em hertz) e pelo seu comprimento de onda (em metros), que são inversamente proporcionais. Estas ondas são utilizadas para transmitir informações sob diferentes formas: rádio, televisão, telefonia móvel, Wi-Fi, etc.

As ondas Wi-Fi pertencem à família das ondas de rádio e são utilizadas para transmitir dados sem fios a curtas distâncias. Propagam-se através do ar, mas podem ser atenuadas por obstáculos físicos, como paredes ou interferências de outros dispositivos electrónicos.

O Wi-Fi utiliza duas bandas de frequência principais:

  • 2,4 GHz: uma banda mais antiga, com maior alcance mas menor débito.
  • 5 GHz: uma banda mais recente, que oferece um débito mais elevado mas um alcance mais curto.
  • A banda de 6 GHz (Wi-Fi 6E) foi recentemente disponibilizada, melhorando a velocidade e reduzindo as interferências.

Para o ajudar a compreender a posição do Wi-Fi em relação a outros tipos de ondas electromagnéticas, eis uma tabela de comparação:

Tipo de ondaGama de frequênciasExemplos de utilizaçãoComprimento de onda aproximado
Ondas de rádio3 kHz – 300 GHzRadiodifusão AM/FM, Wi-Fi, telefonia móvel100 km – 1 mm
Micro-ondas300 MHz – 300 GHzWi-Fi, fornos micro-ondas, comunicações por satélite1 m – 1 mm
Telefonia móvel700 MHz – 3,5 GHzRedes móveis (2G, 3G, 4G, 5G)42 cm – 8 cm
Wi-Fi 2,4 GHz2,4 GHzRedes sem fios domésticas~12,5 cm
Wi-Fi de 5 GHz5 GHzRedes sem fios de alta velocidade~6 cm
Wi-Fi de 6 GHz6 GHzWi-Fi de próxima geração (Wi-Fi 6E)~5 cm

As ondas electromagnéticas dividem-se em duas grandes categorias:

  • Radiação não ionizante: este tipo de onda não tem energia suficiente para arrancar os electrões dos átomos. Inclui as ondas de rádio, as micro-ondas, os infravermelhos e a luz visível. O Wi-Fi insere-se nesta categoria e, por conseguinte, não apresenta qualquer perigo comprovado para a saúde humana, de acordo com as normas actuais.
  • Radiação ionizante: este tipo de onda tem energia suficiente para ionizar os átomos e danificar potencialmente o ADN, o que pode ter efeitos nocivos para a saúde. Inclui os raios ultravioleta (UV), os raios X e os raios gama.

O Wi-Fi utiliza frequências na gama das micro-ondas e das ondas de rádio, é uma radiação não ionizante e não apresenta os riscos associados às radiações ionizantes, como os raios X ou os raios gama.

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Os actores mundiais são unânimes

As ondas Wi-Fi pertencem ao espetro de radiofrequência (RF) e são objeto de um número crescente de investigações para avaliar o seu potencial impacto na saúde. Várias linhas de investigação (desde estudos in vitro em células humanas até inquéritos epidemiológicos e pareceres de organismos internacionais de saúde) fornecem atualmente uma visão abrangente e matizada desta questão.

Os estudos in vitro fornecem um primeiro nível de análise para compreender os efeitos diretos das ondas Wi-Fi nas células humanas. Numerosos estudos publicados em revistas especializadas, como a Bioelectromagnetics e a Environmental Research, expuseram as células a campos electromagnéticos em condições experimentais controladas. Estes estudos centram-se em vários marcadores biológicos:

  • Viabilidade celular: Na maioria das experiências, a exposição a níveis de RF correspondentes às normas internacionais (definidas pela ICNIRP) não parece induzir alterações significativas na sobrevivência das células.
  • Expressão dos genes e stress oxidativo: Alguns estudos sugeriram que a exposição poderia influenciar a expressão de determinados genes ou aumentar o stress oxidativo associado a alterações da função celular. No entanto, estes efeitos são geralmente observados em condições de exposição intensiva ou prolongada que excedem largamente os níveis de exposição a que a população está normalmente sujeita (casos extremos).
  • Processos de reparação celular e apoptose: Alguns estudos investigaram a ativação dos mecanismos de reparação do ADN e de apoptose sem revelar quaisquer perturbações alarmantes quando a exposição se mantém em conformidade com as recomendações internacionais.

Em geral, a maioria dos estudos in vitro indica que, em condições experimentais que imitam a exposição quotidiana, os efeitos nas células humanas são fracos ou mesmo inexistentes. Estes resultados sublinham a importância de prosseguir as investigações para compreender melhor os mecanismos potenciais da exposição não convencional.

O Wi-Fi é perigoso para as plantas?

As ondas Wi-Fi, amplamente utilizadas para conetividade sem fios, emitem campos electromagnéticos de radiofrequência (RF) nas gamas de 2,4 GHz e 5 GHz. Embora o impacto destas ondas na saúde humana tenha sido amplamente estudado, a sua influência nas plantas está menos bem documentada. Algumas experiências sugerem alterações fisiológicas nas plantas expostas a ondas electromagnéticas, mas não há consenso na comunidade científica sobre os resultados.

Ondas electromagnéticas e fisiologia vegetal

Como organismos autotróficos, as plantas respondem a estímulos ambientais como a luz, a temperatura e a humidade. A exposição a ondas electromagnéticas (EMF), como as emitidas por Wi-Fi, pode influenciar o seu desenvolvimento através de efeitos indirectos nos processos celulares, em particular através de :

  • Germinação e crescimento
  • Metabolismo celular e stress oxidativo
  • Permeabilidade da membrana e expressão genética

A investigação sobre este tema produziu resultados contrastantes, em parte devido às diferentes metodologias e condições experimentais.

Estudos experimentais sobre o efeito das ondas Wi-Fi nas plantas

Estudos investigaram se a exposição a ondas Wi-Fi pode afetar a germinação de sementes e o crescimento das plantas. Uma das experiências mais divulgadas foi realizada em 2013 por um grupo de raparigas dinamarquesas. Colocaram sementes de agrião perto de um router Wi-Fi e observaram um crescimento reduzido em comparação com as sementes não expostas. Estes resultados foram amplamente divulgados, mas criticados pelos cientistas por falta de rigor experimental.

As placas da fila superior foram expostas a ondas Wi-Fi
As placas da fila superior foram expostas a ondas Wi-Fi.

Uma vez que a experiência foi interrompida logo no 13º dia, os dados disponíveis não são suficientes para concluir que se trata de efeitos adversos graves e não apenas de um atraso no crescimento.

Um estudo mais controlado realizado por Halgamuge examinou o efeito das ondas electromagnéticas na germinação de sementes de diferentes espécies de plantas. Os resultados sugerem uma alteração da taxa de germinação e um abrandamento do crescimento em certas plantas expostas à radiofrequência, embora os efeitos variem consoante a espécie e as condições de exposição.

No entanto, outros estudos não encontraram qualquer efeito significativo das ondas Wi-Fi na germinação. Um estudo publicado no Journal of Plant Physiology analisou o crescimento de sementes de milho expostas a RF a 2,4 GHz e não encontrou diferenças significativas em comparação com condições não expostas.

Influência no stress oxidativo e no metabolismo celular

Alguns estudos mostraram que a exposição a ondas electromagnéticas pode induzir stress oxidativo nas plantas, um fenómeno que pode perturbar o metabolismo celular.

  • Uma investigação efectuada pela Universidade Blaise Pascal de Clermont-Ferrand revelou um aumento da produção de radicais livres em plantas de tomate expostas a 900 MHz RF (semelhante às frequências Wi-Fi).
  • Um outro estudo referiu que a exposição a campos electromagnéticos pode alterar a permeabilidade das membranas e perturbar a absorção de nutrientes em certas plantas, embora estes efeitos se limitem a uma exposição prolongada.

Estes efeitos nem sempre são observados em condições naturais, onde as plantas estão sujeitas a factores ambientais mais variados.

O Wi-Fi impede o crescimento correto das plantas?

Os estudos actuais não permitem concluir que as ondas Wi-Fi tenham um efeito sistemático e significativo no crescimento e na saúde das plantas. Embora alguns resultados sugiram uma resposta fisiológica aos campos electromagnéticos, nomeadamente em termos de stress oxidativo e de expressão genética, estes efeitos são geralmente observados em condições de exposição muito afastadas da realidade.
Tendo em conta o estado atual dos conhecimentos, as ondas Wi-Fi não parecem constituir uma ameaça para as plantas em ambiente doméstico ou natural. No entanto, é importante continuar a investigação para compreender melhor as possíveis interações a longo prazo entre os campos electromagnéticos e os organismos vivos.

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Sobre o autor

Adrien Piron

Sou Adrien, apaixonado por tecnologia e especializado em suporte técnico para particulares. Meu objetivo é tornar a tecnologia acessível a todos.

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